quarta-feira, 20 de junho de 2007

Parque Natural de Montesinho "... Reino maravilhoso!..."

Pedalando pelo Parque Natural de Montesinho, com a minha bike (BTT) uma Urze sussurrou-me ao ouvido: “Luís disfruta deste momento, porque os homens de gravata e sentados à secretária, em Lisboa e/ou Porto, preparam-se para criar um regulamento que vai impedir a utilização destes trilho de rara beleza paisagística”.
Fiquei confuso e desorientado. A circulação no Parque não ser do género "salve-se quem puder", sou de opinião que o Parque tenha normas e regras. Até aqui, tudo bem! Mas quem é que protege o Parque? São os seus utilizadores de boa fé; quer utilizando-o na forma de passeio higiénico, quer na realização de actividades desportivas e ainda os agricultores de quem toda a gente se esquece no momento de fazer leis. Mas segunto a Urze parece que não será bem assim, o Parque é que vai decidir por onde e quem pode disfrutá-lo. Não pode ser. Criarem zonas de protecção da flora e fauna, estou de acordo. Mas... quem protege o Parque? Se existir restrinção ao usufruto deste espaço, quem protege quem? A fauna e a flora, conseguem-se defender das agressões dos utilizadores? Não! Existem Guardas Florestais ou da Natureza? Nunca os vi! É verdade!... Então quem vai vigiar o Parque?
Ex.mos Senhores! Não podemos continuar a tomar decisões sem consultar as populações, associações e outras entidades que zelam pelo Parque. Criem leis, normas, regras, mas... por favor, esclareçam e ouçam quem impede maiores desgraças no Parque.
Não são as populações ou as associações (que ai realizam actividades desportivas) que destroem a fauna e a flora, mas sim aqueles que indiscriminadamente afundam os caminhos com rectroescavadoras (utilizando o argumento de melhorar os acessos às propriedades), deixam recipientes de plástico (todos furados), é cemitério de veículos(?), deitam entulho das obras que realizam nas habitações, etc., etc... Sim, quem faz isto são as populações, aqueles que habitam no Parque, não só, mas também; são aqueles que circulam no Parque em zonas de acesso incrível, com viaturas de alta cilindrada e marcas conceituadas. Não há muito tempo deparei-me com um visitante na Lama Grande. Perguntou-me como se chegava à aldeia de Montesinho. Sabe de onde vinha? Da nascente do Sabor. Outro que encontrei na aldeia de Montesinho, deambulando no seu Jeep, andava à procura do Parque. Informei-o "é isto tudo e mais a Serra da Coroa". - "Ah! Pensei que havia aqui uma cerca com animais". Porventura, pensava ele, que andávamos de pele de carneiro, barba e cabelo enorme caçando com lanças de pau com ponta de lousa lascada.
É isto que V. Ex.cias querem que continue a acontecer? Pergunto: onde estão os vigilantes da Natureza e/ou Guardas Florestais? Não há, nem existem, pelos vistos.
Deixem-se de leis repressivas, dialoguem/informem as populações residentes, criem equipas de Guardas do Ambiente e/ou Florestais para que possam vigiar, sensibilizar e auxiliar quem habita e visita o Parque, à semelhança dos nossos vizinhos espanhóis na protecção à Puebla da Sanabria (lago). E então sim, teremos um Parque a que possamos chamar “... Reino maravilhoso!...”.
E agora esclareçam: porque não foi permitido a colocação de élices para produção de energia eólica no PNM quando do lado de lá do caminho estão colocadas? Ah! Do outro lado é Espanha!...
Essa é que é essa!...

P.S.: Leiam "extensão ou comunicação" de Paulo Freire para poderem compreender as populações rurais.
As fotos documentam situações existentes no Parque. Não podem passar despercebidos a quem tem de viagiar. Procurem que encontram....

1 comentário:

Anónimo disse...

Há o dito: "A ver passar navios!". Aqui temos que passar a usar, a quem por aqui andar (e mandar) de que andamos "A ver passar os ventos!"

E se os ventos se enfurecem?

Cavaleiro Andante!
2.Jul.07, 1H45a.m.